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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Texto da meia noite



Me disseram pra matar. E na cama lá se encontrava a vítima. Ela era jovem. Era linda. Havia uma mecha de seu cabelo sobreposta em sua boca.
Deixaram-a ali, estendida, de peito aberto para alguém que suportasse vê-la e não quisesse tê-la. Ela era linda. Incondicionalmente, linda.
Mas eu precisava. Eu tinha de assassiná-la. Ou era eu, ou ela.
Minha mão suada escorregou um pouco ao pegar a faca, meu queixo trincou, e num instante tão pequeno, minha alma se fora.
A faca movimentou-se e perfurou teu seio.
Eu bebi o sangue dela. E beijei teus lábios. Ela era minha, toda e completamente minha. Toquei seu pulso, ainda havia vida ali. Estiquei os dedos gélidos de sua mão esguia, e entrelaçados a eles, havia um bilhete, e no papel velho, palavras quase invisíveis diziam: "matastes teu amor, salvastes a ti. Mas perdestes a quem olhava para sorrir."

Tendo eu, lindo aquilo, alcancei a faca e a enfiei em meu coração.
Os sangues se misturaram. A vida acabou. O amor surgiu.

O sangue que escorreu de ambos os corpos mostrava uma outra parte do bilhete e nele estava escrito: "Morrestes. Matastes. Mas salvastes teu amor. Ainda há esperança."

2 comentários:

  1. by Binho Carvalho :P

    ...

    Carol, isso foi dramático, profundo , e emanou sensações parecidas com as de escolhas cruéis e indiscutivelmente necessárias. Ambas tão comuns e frias em nossas vidas ...

    Continue assim ;)

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  2. Obrigada Fábio. Escolhas são feitas a todo momento, não?

    Eu gosto desse texto, é bem sincero.

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