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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Capítulo 6 - A doença do amor ( O último, é. '-' )

O cara dos olhos de mel que me encantou mortalmente, levantou-se num movimento brusco e repentino e veio sentar-se ao meu lado. Fitou-me e pôs levemente suas mãos quentes e grandes sobre as minhas.

Permanecia de cabeça baixa, provavelmente estava muito corada. Seria ele capaz de permanecer ao meu lado mesmo sabendo do risco que correria se permanecesse com essa atitude infinitamente desejada e esperada porém, improvável? Não.

-Tudo bem, Martin. Eu não devia ter omitido isso de ti, tudo bem. Pode ir. – Busquei vestígios de forças restantes para que o tom de minha voz saísse leve, despreocupado, mas falhei. As palavras saíram aos soluços e eu me encontrava num ridículo estado de choro.

-Ei Lucy, eu já sabia de tudo. – Do que ele estava falando? Sabia de tudo, como assim? Como?- Ahn... O John, ele me contou. – Minha cabeça latejava. Não compreendia. –Ele me disse na noite da morte de sua mãe e me disse também para, para... – Ele gaguejava ridiculamente – ficar longe de você, desaparecer da sua vida.

-Ta Ok. – Disse com desdém. Então, era fácil. Arrumou uma desculpa qualquer envolvendo meu pai no meio, perfeito. Ninguém ficaria ao lado de uma doente inútil mesmo. Interrompeu meus devaneios e quase gritou:

-Eu não vou seguir os conselhos de seu Pai, querida. Vou permanecer contigo. É como ele disse: “Quando se ama, meu filho. Se perde as bases, se perde o censo, você fica cego, sua razão se ausenta e tudo o que você enxerga e necessita é a pessoa amada. E eu amava a Catherine, entende? Segui meu coração e fiquei com ela, mesmo sabendo de tudo, de tudo.”

Uma sensação graciosa se estabeleceu em mim. Naquela noite de maio eu conheci o verdadeiro e único significado do amor. Não importava o que aconteceria depois, nem as conseqüências. Quando eu abrir meus olhos amanhã, o veria ao meu lado, pronto e capaz de me impedir de cair e de me amar incondicionalmente e irracionalmente.


Seus olhos perscrutavam meu rosto. Seus lábios se dirigiam lentamente até os meus. Suas mãos, cuidadosamente, acariciavam os meus cabelos. E eu, eu só fechei os olhos e desejei do fundo da minha alma que aquilo durasse pra sempre. Mas não durou e ele continuou. Tirou meu casaco e me beijou com força, vontade e desespero. Apertou-me, foi se despindo.

Arfei.

-O que, o que?Seu idiota! Saí de cima de mim.

-Não. Eu preciso de você, me deixa, por favor, me deixa ligar-me a ti, conectar-me a ti, me deixa ter a mesma doença que você, me deixe sofrer como você. – Ele suplicava e ainda me beijava enquanto dizia.

Empurrei seu corpo pesado e seminu para longe do meu e o fitei, incrédula.

Eu sorri como há tempos não vinha fazendo. E sussurrei ao pé dos seus ouvidos:


-Tolo. Não se precisa de mais nenhuma doença quando já se possui a pior, a mais cruel e incurável doença, a doença do amor.

2 comentários:

  1. Q pena q acabou, mas ficou otima sua estória.
    Vc desistiu de torná-la um livro e encerrou por aki?
    Com essa ideia q vc ficcionou, vc tem suporte para um romance sublime.(eu jah te disse isso).

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  2. hey, Carol
    acabou mesmo? realmente fiquei intrigada com um final repentino...
    você tem um talento para nos conduzir ao inesperado...
    espero que não nos poupe de suas escritas... precisamos de mais e mais condutores para o mundo das personagens e dos contos...
    Agradeço por ter me dado a chance de visitar seu blog... count on me
    (teacher)

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